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sábado, 28 de junho de 2008


20 Curiosidades sobre a China

Publicado por Mauricio Garcia

Em Agosto deste ano, todos os holofotes do mundo estarão voltados para a China, por causa dos Jogos Olímpicos de Pequim. Mas o que não podemos imaginar são as curiosidades à respeito do país mais populoso do mundo. Esta semana, despertado que fui por uma reportagem sobre o assunto publicada na revista Superinteressante, resolvi ir à caça e trago aqui para a Papo de Homem um mundo de fatos curiosos sobre a China.

1. A cada feriado do Ano-novo chinês, mais de 300 milhões de pessoas viajam pela China, para visitar parente, sendo o maior movimento migratório do planeta. Como não conseguem ir ao banheiro nos trens superlotados, muitos viajantes usam fraldas para adultos.

2. A polícia não tem armas. Aliás, ninguém carrega armas, e o crime praticamente não existe entre os civis. Também pudera, aquela clássica história do criminoso ser executado e a bala ser cobrada da família assusta qualquer um. A China é o país que mais executa prisioneiros no mundo.

3. Após décadas do mais puro regime comunista, os chineses ignoram o que é privacidade. Bisbilhotar e tomar conta da vida alheia é quase obrigação, sendo muito comum xeretar conversa alheia ou olhar o cartão de ponto do colega para denunciar atrasos.

4. Os símbolos chineses são tão ornados e complicados de desenhar, que se você resolve sentar num banco e escrever algo num papel comum, vai atrair uma multidão de curiosos apontando para você. Vai entender ?

5. São calmos até demais. Não se ouvem buzinas nos engarrafamentos. Não se vê chinês com cara de estressado.

6. O que nós chamamos de boa educação e higiene não se aplica na China. Os banheiros são apertados, fedidos e com apenas um buraco no chão. As pessoas urinam no meio da rua. Soltar puns em público é com eles mesmos. O que chama mais atenção é o hábito de cuspir : Chineses cospem em qualquer lugar, e se você der mole, pode levar uma cusparada acidental, pois a medicina tradicional chinesa acredita que seja danoso engolir a saliva. E fuma-se até em aviões na China.

7. Os chineses recusam gorjetas. Um viajante relatou que ao oferecer uma gorjeta a uma garçonete, ela empurrou a mão dele e saiu correndo, corada de vergonha. Quando você deixa a gorjeta na mesa, o funcionário corre atrás de você para devolver o dinheiro.

8. Essa é muito esquisita. Funcionários chineses riem da sua cara quando você reclama de algo. Parece que estão de sacanagem, ninguém consegue entender, mas deve ser algo cultural. Eu, hein?

9. Os bebês chineses andam com a bunda de fora. Sim, as roupas têm buracos no bumbum do bebê. E em último caso, vai na rua mesmo. As fábricas de fraldas devem adorar isso.

10. Das 20 cidades mais poluídas do mundo, 16 são chinesas.

11. O território chinês abrange 4 fusos horários, mas o governo não quer nem saber, e todo o país adota a hora de Pequim. O que faz o Sol nascer às 4 da manhã no leste do país, e no oeste,
às 9 DA manhã.

12. Os chineses são muito supersticiosos. Os andares 4, 14 e 24 de muitos prédios não existem, porque o ideograma do 4 é parecido com o da morte. Celulares terminados em 4 ou com muitos 4 são bem mais baratos, e muito utilizados por estrangeiros. Já o número 8 tem o ideograma que lembra o da prosperidade. Não é à toa que OS jogos Olímpicos começarão no dia 8 de agosto de 2008, às 8:08 DA noite.

13. Os lamas tibetanos estão, desde o ano passado, proibidos de ressuscitar sem autorização do governo.

14. Segundo tradição do interior do país, homens que morrem solteiros têm a linhagem comprometida na próxima vida. Para evitar isto, os familiares tentam arrumar o chamado minghun, ou casamento após a morte, enterrando uma noiva-fantasma ao lado do solteirão. Quanto mais nova a moça, melhor, e o preço pode chegar a US$ 2000,00.

15. Fruto da política do filho único e da preferência das famílias por homens, existem 18 milhões de homens a mais que mulheres na China. Saber o sexo da criança antes do nascimento é proibido, porque se for mulher, o casal pode decidir abortar. Apesar disto, o aborto é legal na China, mesmo no final da gravidez. Por conta disto, a China é o país mais avançado em pesquisas com células-tronco, além que quase nenhuma chinesa toma anticoncepcional.

16. A inovação mais recente que o governo quer implantar na legislação trabalhista são férias anuais de 15 dias. O salário de um operário é mais ou menos R$ 80,00/mês.

17. A gastronomia chinesa é, digamos, exótica. O banquete do ano-novo chinês entre os mais ricos inclui iguarias como ovos podres cozidos e sopa de ninho de andorinha. Nas províncias do sul, come-se de tudo : gafanhotos, escorpiões, ratos selvagens, gatos, cachorros, estrelas-do- mar, cobras e até casulos de bicho-da-seda. Há um restaurante em Pequim cuja especialidade é pênis. Isso mesmo, lá se tem pratos com o membro de 9 animais : touro, jumento, cão, cobra, cervo, carneiro, búfalo, foca e cavalo, e como o povo acredita que o prato é afrodisíaco, não faltam clientes. Ah, e se estiver numa mesa com chineses, jamais deixe os palitinhos fincados no arroz, pois isso representa desejar a morte das pessoas ali presentes. E também procure deixar comida no prato, pois um prato vazio para os chineses não significa que você gostou da comida, mas que o anfitrião foi ineficiente ao te servir.

18. As transmissões de redes internacionais de TV apresentam 9 segundos de atraso. É o tempo suficiente para que o censor tire a rede do ar caso constate que a notícia é ofensiva aos interesses chineses.

19. 77% dos chineses não sabe que a Aids pode ser evitada com o uso da camisinha.

20. Ver filme erótico pode dar cadeia (se você for pego, claro). Gays também são perseguidos por lá. Anúncios, passeatas ou personagens gays na TV são proibidos.

Mauricio Garcia é flamenguista ortodoxo, toca bateria e ama cerveja e mulher (nessa ordem). Nas horas vagas, é médico.

terça-feira, 24 de junho de 2008

O Eclipse de Homero


Cientistas encontram evidências de que o retorno de Ulisses teria ocorrido em 16 de abril de 1178 a.C., dia exato do eclipse solar total citado na Odisséia.

O eclipse solar é um fenômeno raro que, por muito tempo, foi encarado com espanto e medo. A própria palavra eclipse deriva do grego ekleipsis, que quer dizer falha ou abandono. Na Odisséia, Homero descreve o momento em que um horrorizado Ulisses vê o dia virar noite: “O Sol pereceu do céu e tudo foi envolvido por uma aura demoníaca”.

Entre incontáveis debates a respeito do clássico da literatura – a começar pela dúvida sobre a autoria do poema e mesmo em relação à própria existência de Homero –, um dos principais tem envolvido a parte em que Ulisses retorna para casa e depara com a inusitada experiência do eclipse.

Agora, um novo estudo afirma ter encontrado referências astronômicas na Odisséia que confirmariam o evento. O trabalho será publicado esta semana no site e em breve na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas).

Eclipses totais do Sol são tão raros que, se o que Homero descreveu foi realmente um desses momentos, o poema poderá ajudar historiadores a datar corretamente a queda de Tróia, que teria ocorrido durante os eventos descritos na Ilíada e em sua seqüência, a Odisséia.

A afirmação é dos autores da pesquisa, Marcelo Magnasco, chefe do Laboratório de Física Matemática da Universidade Rockefeller, e Constantino Baikouzis, do Observatório Astronômico de La Plata, na Argentina.

Os dois encontraram na Odisséia evidências astronômicas que podem ser identificadas precisamente como tendo ocorrido em dias exatos durante a longa jornada de Ulisses para casa após a queda de Tróia.

Cada uma das datas obtidas foi alinhada com o dia em que Ulisses chega de volta à ilha de Ítaca, após 20 anos de ausência, e mata os usurpadores que assumiram seu lugar por julgarem que o herói havia morrido.

Magnasco e Baikouzis identificaram quatro eventos celestiais. O dia da matança seria, como descrito mais de uma vez no poema, também Lua nova, pré-requisito para um eclipse total. Seis dias antes, Vênus está visível e bem alta no céu.

Vinte e nove dias antes, duas constelações – Plêiades e Boötes – são vistas ao mesmo tempo no pôr-do-Sol. E 33 dias antes do eclipse, Homero, de acordo com os pesquisadores, sugeriria que Mercúrio estaria ao alto no amanhecer e próximo ao extremo oeste de sua trajetória.

Astronomicamente, esses quatro fenômenos ocorrem em diferentes intervalos. Os cientistas investigaram se houve uma data em um período de um século da estimada queda de Tróia que se encaixaria em um desses momentos, conforme descritos no poema.

O resultado foi notável, pois encontraram apenas um dia: 16 de abril de 1178 a.C., mesmo dia do eclipse solar total. “Se considerarmos que a morte dos usurpadores ocorreu no exato dia do eclipse, tudo o mais que está na Odisséia ocorreu exatamente como foi descrito”, disse Magnasco.


Texto retirado da página da Fapesp

http://www.agencia.fapesp.br/boletim_dentro.php?id=9023



domingo, 22 de junho de 2008

As nuvens


O testemunhar da consciência pode continuar através da vigília, do sonho e do sono profundo. A Testemunha está completamente disponível em qualquer estado, incluindo o seu próprio estado presente de consciência agora mesmo. Assim eu vou induzi-lo a este estado, ou tentar, usando o que é conhecido no Budismo como "pointing out instructions". Eu não vou tentar fazê-lo entrar em um estado diferente de consciência, ou um estado alterado de consciência, ou um estado não-ordinário. Eu vou simplesmente mostrar algo que já está acontecendo em seu próprio presente, ordinário, estado natural.

Então vamos começar apenas ficando atentos ao mundo ao nosso redor. Olhe o céu lá fora, e simplesmente relaxe sua mente; deixe sua mente e o céu se misturarem. Note as nuvens que flutuam. Note que isto não necessita nenhum esforço da sua parte. Sua consciência presente, na qual estas nuvens estão flutuando, é muito simples, muito fácil, sem esforço, espontânea. Você simplesmente percebe que há uma consciência sem esforço das nuvens. O mesmo é verdade com essas árvores, esses pássaros, e essas pedras. Você simplesmente os testemunha, sem esforço.

Olhe agora as sensações em seu próprio corpo. Você pode estar completamente atento a qualquer sensação corporal presente - talvez pressão onde você está sentado, talvez calor em sua barriga, talvez tensão em seu pescoço. Mas até mesmo se estas sensações são fortes e rígidas, você pode estar facilmente atento delas. Estas sensações surgem em sua consciência presente, e essa consciência é muito simples, fácil, sem esforço, espontânea. Você simplesmente os testemunha, sem esforço.

Olhe para os pensamentos que surgem em sua mente. Você pode notar várias imagens, símbolos, conceitos, desejos, esperanças e medos, tudo isso surgindo espontaneamente em sua consciência. Eles surgem, ficam um pouco, e passam. Estes pensamentos e sentimentos surgem em sua consciência presente, e essa consciência é muito simples, sem esforço, espontânea. Você simplesmente os testemunha, sem esforço.

Assim, perceba: você pode ver as nuvens passarem porque você não é essas nuvens - você é a testemunha dessas nuvens. Você pode vivenciar as sensações porque você não é essas sensações - você é a testemunha dessas sensações. Você pode ver os pensamentos flutuarem porque você não é esses pensamentos - você é a testemunha desses pensamentos. Espontaneamente e naturalmente, todas essas coisas surgem, por elas mesmas, em sua presente, não-forçada, consciência.

Então quem é você? Você é não é os objetos lá fora, você não é os sentimentos, você não é os pensamentos - você está facilmente atento a tudo isso, portanto você não é isso. Quem ou o que é você? Diga deste modo a você: Eu tenho sentimentos, mas eu não sou esses sentimentos. Quem sou eu? Eu tenho pensamentos, mas eu não sou esses pensamentos. Quem sou eu? Eu tenho desejos, mas eu não sou esses desejos. Quem sou eu? Assim você se empurra na direção da fonte de sua própria consciência. Você se volta para a Testemunha, e você descansa na Testemunha. Eu não sou objetos, não sou sentimentos, não sou desejos, não sou pensamentos.

Entretanto as pessoas normalmente cometem um grande engano. Elas pensam que se elas descansarem na Testemunha, elas vão ver algo ou sentir algo - algo realmente maravilhoso e especial. Mas você não verá nada. Se você vir algo, isso é apenas outro objeto - outro sentimento, outro pensamento, outra sensação, outra imagem. Mas esses são todos objetos; eles são o que você não é.

Não, enquanto você descansa na Testemunha - percebendo, eu não sou objetos, eu não sou sentimentos, eu não sou pensamentos - tudo o que você notará será uma sensação de liberdade, uma sensação de libertação, uma sensação de liberação - liberação da terrível constrição de se identificar com estes fracos e pequenos objetos finitos, seu pequeno corpo, pequena mente e pequeno ego, tudo isso são objetos que podem ser vistos e assim não são o verdadeiro Vidente, o verdadeiro Eu, a pura Testemunha, que é o que você realmente é.

Desse modo você não verá nada em particular. Tudo o que está surgindo está bem. Nuvens flutuam no céu, sentimentos flutuam pelo corpo, pensamentos flutuam pela mente - e você pode testemunhar todos eles sem esforço. Eles todos surgem espontaneamente em sua própria consciência (presente, fácil, sem esforço). E esta consciência que testemunha não é qualquer coisa específica que você pode ver. É somente uma vasta sensação de liberdade - ou pura vacuidade - e naquela pura vacuidade, que é você, surge o mundo manifesto inteiro. Você é essa liberdade, abertura, vacuidade - e não todas as pequeninas coisas que nela surgem.
Descansando nesse testemunhar vazio, livre, fácil e sem esforço, perceba que as nuvens estão surgindo no espaço vasto de sua consciência. As nuvens estão surgindo dentro você - tanto que você pode provar as nuvens, você é um com as nuvens. É como se elas estivessem neste lado de sua pele, elas são tão íntimas. O céu e sua própria consciência se tornaram um, e todas as coisas no céu estão flutuando sem esforço por sua própria consciência. Você pode beijar o sol, engolir a montanha, eles são suficientemente próximos. O Zen diz "Engula o Oceano Pacífico em um único gole", e isso é a coisa mais fácil do mundo, quando dentro e fora não mais são dois, quando sujeito e objeto são não-duais, quando o vedor e o visto são "One Taste". Você percebe?

(c) 1999 Ken Wilber

segunda-feira, 16 de junho de 2008